Resposta ao artigo de Ricardo Andrade



 

Em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade

 

Nos últimos meses, governos e mídia intensificam uma ampla campanha de desmoralização e achincalhamento do magistério paulista.

A esta campanha se juntam oportunistas e irresponsáveis que não têm nenhum compromisso real com a educação ou com a verdade. Falam aos quatro ventos reproduzindo a cantilena neoliberal e privatista do governo José Serra.

Um bom exemplo disso, é o artigo publicado pelo Diretor do Parque das Hortências, sr. Ricardo Andrade, em 01/05/09, na edição 321 do jornal Atual, onde este sr. desfecha inúmeras difamações não condizentes com a realidade da escolas públicas.

Geralmente não respondemos artigos de tamanho baixo nível, mas diante de tais comentários funestos que tanto indignaram a categoria, nós da Subsede APEOESP Taboão da Serra (Sindicatos dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), nos vemos no direito e no dever de responder ponto a ponto os absurdos deste artigo.

Sobre as emendas nos feriados: O artigo diz que “todo feriado a escola pública emenda ... o mês que não tem feriado, ou tem só um, elas inventam dia de qualquer coisa e faltam também”. Se Ricardo Andrade procurasse se informar melhor saberia que o ano letivo tem 200 dias e todos devem ser cumpridos rigorosamente por alunos e professores. Quanto as emendas de feriados, todas, sem exceção, foram publicadas em Diário Oficial como ponto facultativo pelo governador José Serra. Até onde se sabe, o mesmo expediente foi adotado pela prefeitura de Taboão da Serra.

Sobre a defesa do Piso Nacional: De fato, no dia 24/04, a rede estadual paralisou suas atividades junto a outras entidades relacionadas à educação de todo país em defesa da aplicação da Lei federal do Piso da Educação. De acordo com esta Lei, todos os professores do país não poderiam receber menos que R$950,00, o que no caso do magistério paulista, está abaixo do nosso piso. No entanto, os professores do estado paralisaram, entre outras reivindicações, também para exigir a garantia de 33% da jornada para atividades extraclasse, conforme determina a Lei PL 7.431/06 do Piso que o governo Serra insiste em não cumprir.

Superlotação de salas de aula e evasão escolar: o artigo diz “aproveitaram e muito, a oportunidade para pedir menos alunos na sala de aula e mais aumento de salário. Só faltou a rede e a água de côco.” ..... “aluno na sala tem quanto a professora quer. Que na hora de matricularem tem 50 e em 2 meses sobra só 20. 30 desistem sob livre e espontânea pressão.”

É antiga a denúncia que a APEOESP faz da superlotação das salas de aulas. Isso por que dificulta e inviabiliza a garantia de um bom ensino e aprendizagem. Vários estudiosos da educação insistem em dizer que 25 é o número ideal de alunos por sala. A própria Assembléia Legislativa aprovou projeto que limita a 35 alunos por sala de aula, mas infelizmente, o ex governador Geraldo Alckmin vetou. Responsabilizar os professores (as) pela evasão escolar, ou pior, dizer que os alunos “desistem sob livre e espontânea pressão.” é no mínimo má fé e mau-caratismo. A evasão escolar é conseqüência do sucateamento da escola pública promovido pelos últimos governos a serviço do ensino privado. Superlotação das salas de aula, deterioração dos prédios, péssimas condições de trabalho, falta de funcionários, desvalorização do magistério, aumento da violência social, corte de verbas, autoritarismo e falta de democracia nas escolas, etc., são o verdadeiros causadores da evasão escolar.

Quanto ao bônus: O governo Serra concedeu um bônus (embrômus) “por merecimento”  que, de acordo com a propaganda veiculada na TV, os professores (as) receberam até 15 mil reais. Porém, a realidade é que até hoje não se encontrou um único educador que tenha recebido este valor. A reivindicação do sindicato é que todas as gratificações, entre elas o bônus, sejam incorporadas ao salário, já que essa política do governo, além de critérios obscuros e não gerar direito para efeito de salário e aposentadoria, pressiona o professor (a) a abrir mão de direitos como licença saúde e licença prêmio.

Ricardo Andrade, diz que o 1 bilhão gasto com o bônus aos professores (as)  deveria ser “distribuídos entre os alunos, para que pagassem uma professora particular que ensinasse o mínimo que as professoras não ensinam”. Essa é uma frase digna de pessoas irresponsáveis e caluniadoras que escrevem sem nenhuma seriedade ou compromisso com a verdade.

O artigo joga a categoria na vala comum da corrupção e do mau uso do dinheiro público ao igualar o magistério paulista aos deputados. Os professores (as) são os primeiros a denunciar desvios de verbas públicas. São bilhões de reais que escorrem pelos ralos da corrupção, que fazem falta à educação, saúde, moradia e saneamento básico.

O sr. Ricardo Andrade não precisaria ir muito longe para falar de altos salários e mordomias, bastava ele citar a folha de pagamento de alguns funcionários livre-nomeados da prefeitura da qual ele faz parte.

O interessante é que esse mesmo sr. foi candidato a vereador nas últimas eleições pelo PTN, pleiteando os cerca de R$6.400,00 e as várias mordomias de uma cargo de vereador. Para a sorte dos munícipes e bem-estar da população não foi eleito. O mesmo é diretor livre-nomeado do Parque das Hortências e com certeza ganha muito mais que qualquer professor da rede estadual ou funcionário concursado de Taboão da Serra.

Por último, diz que “Como o Brasil é grande, vamos nos preparar para a SOLIDARIEDADE das professoras de São Paulo com todo problema ou manifestação que os estados fizerem”. Vale dizer que é inerente à vocação docente se solidarizar com aqueles que sofrem injustiças de qualquer espécie. Por isso nos solidarizamos com a luta pela moradia, reforma agrária, contra as demissões provocadas pela crise econômica, contra a violência exercida pelo estado a população mais pobre e etc.

Só não podemos nos solidarizar com os políticos corruptos, carreiristas e oportunistas de plantão que vivem da influência e do sobrenome do pai arrumando cargos nos governos.

 

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito do que ele disse eu concordo